NA CONFECÇÃO DAS PEÇAS (COSTURAS)
1) ESCOLHA CORRETA DAS LINHAS DE COSTURA: para que ocorra o tingimento perfeito da linha, juntamente com o tecido da peça, se faz necessário a utilização de linhas de algodão, todavia sabemos que, devido tratar-se de uma fibra natural, sua resistência nunca será igual a uma linha sintética de poliéster ou poliamida. Faz-se necessário a utilização da melhor linha possível, a fim de se evitar ou minimizar os problemas de rupturas de pontos, nos processos de tingimento. Recomendamos a linha COATS ADMIRAL W3C, que é produzida com fibras longas de algodão de alta qualidade, especialmente tratada para fornecer maior brilho e resistência. O processo de mercerização, na qual a linha é tratada, aumenta a afinidade tintorial em processos PT, fazendo dela a escolha ideal para costurar trajes em 100% algodão, além de aplicações de costuras gerais. As espessuras das linhas deverão ser muito bem estudas em função da gramatura do tecido a ser utilizado. Recomendamos sempre testes em lotes pilotos.
2) DENSIDADE DE PONTOS (PONTOS/CM): fator muito importante, não somente no visual do produto, mas também na preservação da linha. Pontos muito grandes deixam a linha mais vulnerável ao atrito nos processos da tinturaria, ocasionando rompimento dos pontos da costura, além de deixar pouca linha de reserva, para acompanhar o alongamento do tecido, principalmente em se tratando de tecidos com elastano. Para tecidos normais, sugerimos que a densidade seja entre 3,50 a 4,00 pontos/cm, já em tecidos com elastano, sugerimos de 4,00 a 5,00 pontos/cm.
3) BALANCEAMENTO DOS PONTOS: consiste em regular a linha da agulha e a linha de baixo (looper ou bobina), de forma que fiquem equilibradas, ou seja, que a linha da agulha não ultrapasse demasiadamente as camadas de tecidos. No caso do ponto corrente (classe 401), a linha da agulha deve ultrapassar as camadas de tecidos, formando um loop (laçada) com aproximadamente 2 mm, deixando que a correntinha" do ponto corrente, seja formada pela linha do looper. Convém salientar que deixar o loop (laçada) muito pequeno, ou seja, a linha da agulha muito apertada, também não é bom, pois deixarão os pontos travados junto ao tecido, limitando o alongamento do tecido/linha, vindo a romper os pontos de costura. No caso do ponto fixo (classe 301), a amarração dos pontos (balanceamento) deve se dar no centro das camadas de tecidos, sem que apareçam "bolinhas", nem em cima nem em baixo dos tecidos costurados. Convém salientar que em se tratando de tecidos com alto índice de elastano, deve-se tomar muito cuidado na utilização desse tipo ponto, principalmente em certas partes da peça, pois como o próprio nome já diz "ponto fixo", ele limitará o alongamento do tecido/costura. Obviamente, em se fazendo necessário esse tipo ponto (Ex. pregar bolso traseiro / filigranas), será muito importante uma alta densidade de pontos e uma tensão muito leve das linhas na máquina de costura.
4) TENSÕES DAS LINHAS NA MÁQUINA DE COSTURA: as linhas de algodão possuem alongamento relativamente baixo e portanto precisam de baixa tensão nas máquinas de costura. Deixar as tensões das linhas o mais leve possível, mantendo obviamente o perfeito balanceamento dos pontos. Convém salientar que apesar das linhas de algodão COATS ADMIRAL W3C, utilizar as melhores fibras do mundo (algodão Egípcio) e receberem tratamentos especiais e específicos para os processos tinturados (PT) além de serem pré-encolhidas; devido se tratar de fibras naturais (celulósicas), possuem alongamento baixo e certa retração (encolhimento) nos processos de tingimento, exigindo assim, tensões muito leves das linhas nas máquinas, para se evitar franzimentos e rupturas de pontos. Recomendamos, testes de “alongamento” com régua específicas para isso, nos tecidos costurados, para analises das limitações ou não de “esticamento”, em função das costuras (regulagens dos pontos).
CUIDADOS NA TINTURARIA
1) MÁQUINAS DE TINGIMENTO: de preferência, utilizar máquinas específicas para tingimento, ou seja, evitar máquinas que lavam índigo, pois estas são abrasivas por trabalharem com pedras (pomes ou cinasita) o que deixa o tanque da máquina áspero, que consequentemente irá “lixar” as linhas das costuras, provocando rupturas dos pontos. A velocidade da máquina tem que ser compatível e específica para tingimentos e se possível com reversores. Para se minimizar os problemas de “tombamento”, sugerimos utilizar máquinas menores possíveis. Ressaltamos que é muito comum se fazer os tingimentos com as peças viradas pelo avesso, a fim de se evitar a estonagem do tecido (lado direito). Não recomendamos esse procedimento, pois expões por completo as costuras, principalmente em se tratando do ponto corrente em que a “correntinha” fica em alto relevo.
2) RE-TINGIMENTOS: não recomendamos re-tingimentos das peças, pois as linhas não suportaram.
3) SECAGEM DAS PEÇAS: cuidados especiais deverão ser tomados no tempo e temperatura de secagem. Os mesmos deverão ser os menores possíveis, principalmente a temperatura que não deverá ultrapassar os 60º C. Temperaturas muito elevadas deixam a linha e o tecido dos confeccionados muito ressacados, propiciando as rupturas dos pontos das costuras e comprometendo totalmente o sempre esperado “toque macio” e agradável das peças. Deve-se evitar a utilização de secadoras com aquecimento a gás, pois estas são de difícil controle de temperatura. Muito instáveis. O momento da secagem das peças, é o momento em que serão revelados, todos os problemas que por ventura tenham ocorrido nos processos anteriores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: testes em peças pilotos, com todos os processos são fundamentais, a boa qualidade final de um produto, depende da boa qualidade de trabalho de todos os pequenos pontos dentro de todo o fluxo da produção.
Trabalho produzido por NIVALDO GIAIMO
Consultor técnico de costuras, zíperes e entretelas da empresa Coats Corrente Ltda
www.coatsindustrial.com/pt